26 jun 2024
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Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais defendem uma gestão participativa da Bacia do Tapajós

Autor: Assessoria de Comunicação

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“Nós somos os rios e somos a terra. O rio é nossa rua e a nossa vida, por isso devemos lutar por todos que vivem nele e dependem dele”, essa é a essência do compromisso que os representantes de povos indígenas, quilombolas, povos tradicionais, organizações de base e militantes de movimentos populares da região da Bacia do Rio Tapajós manifestaram durante o “Encontro das Águas: Construindo uma Gestão Hídrica Participativa no Tapajós”, realizado nos dias 14 e 15 de junho em Alter do Chão, no Pará. 

O Encontro das Águas teve como objetivo criar um espaço de escuta e compartilhamento para as organizações locais, visando a construção de estratégias coletivas para a governança das águas e proteção dos rios da bacia hidrográfica do Tapajós. A iniciativa busca promover a participação ativa das populações locais na formulação de instrumentos para proteção dos rios, fortalecendo a articulação entre os diferentes atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos. 

Entre os presentes estava Maria Leusa, liderança do Povo Munduruku, que destaca o trabalho coletivo e unificado como fundamental para proteger o Tapajós e a vida dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais que vivem no território.

“É um momento em que nos reunimos, nos encontramos, e nos fortalecemos em nossa luta pela proteção do Tapajós e a vida do nosso povo. O rio Tapajós é fundamental para nossa existência e resistência. Ele é um símbolo da nossa luta e da nossa defesa contra as ameaças que estão surgindo. Estamos construindo um caminho para o futuro, lutando pela defesa da nossa vida. Essa é uma construção importante, um momento de aliança e cooperação. Nossa luta é também uma luta por defesa das causas dos quilombolas, ribeirinhos, pescadores e extrativistas. Por isso, é muito importante que estabeleçamos uma rede de apoio e cooperação para fortalecer a nossa resistência e proteger o rio Tapajós e a vida do nosso povo.”, declarou a  liderança Munduruku.

O evento, organizado pelo Movimento Tapajós Vivo (MTV), Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), Instituto Centro de Vida (ICV) e WWF-Brasil, marca um importante passo para discutir temas relacionados à gestão participativa das águas. O encontro começou na sexta-feira (14) com debates sobre a importância dos rios vivos e saudáveis, bem como uma análise da conjuntura em defesa das águas e ameaças à Bacia Hidrográfica do Tapajós.

O Encontro das Águas simboliza o início do projeto “Rumo a uma Gestão Participativa da Água na Bacia do Tapajós”, uma iniciativa conjunta que tem como intenção fortalecer a participação e a influência política dos povos indígenas e das comunidades tradicionais da bacia do Tapajós nos espaços de gestão das águas. O objetivo é promover processos participativos que permitam às populações locais atuarem de forma ativa, qualificada, reconhecida e empoderada nos debates políticos sobre as águas do Tapajós.

“A chegada desse projeto ao Tapajós é de suma importância. Ele não traz soluções prontas, mas busca alinhar a luta já existente nos territórios, reafirmando nossa resistência. É fundamental valorizar nossos conhecimentos tradicionais e ancestrais, toda a cosmovisão de luta que já se prática nos territórios, alinhada a essa ferramenta de proteção dos rios. Nossa perspectiva é fortalecer nossa força coletiva, juntamente com os povos indígenas e comunidades tradicionais, para que possamos nos empoderar cada vez mais sobre esse tema”, disse Concita Sompré, presidente da FEPIPA.

Formação de Defensores e Defensoras das Águas do Tapajós

No dia 15, o Encontro das Águas celebrou o lançamento do Curso de Formação de Defensores e Defensoras das Águas do Tapajós, que tem o propósito de fortalecer as vozes locais sobre a temática das águas. O curso destacou a importância dos povos das águas e da floresta sobre seus direitos de participação em políticas públicas e decisões que afetam diretamente o ambiente e a vida das Comunidades Tradicionais e Povos Indígenas.

Valdeci Oliveira da Comissão Pastoral da Pesca destacou a importância do curso, afirmando que ele ressalta a relevância dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais, especialmente no contexto atual. “Como pescadora, acredito que defender o rio e o ambiente onde ocorre a pesca é crucial diante dos vários desafios impostos. O curso será essencial para o contexto da pesca, contribuindo significativamente para a dinâmica do nosso trabalho com essas comunidades, na luta pela defesa dos territórios e pelo manejo adequado do pescado.” afirma Valdeci.

O curso foi desenvolvido em parceria com a Escola de Militância Socioambiental da Amazônia (EMSA), vinculada ao Movimento Tapajós Vivo, e com o apoio de professores do Instituto de Ciência e Tecnologia das Águas da Universidade Federal do Oeste do Pará (ICTA/UFOPA).

Essa iniciativa marca um passo significativo na luta pela preservação do Tapajós, destacando a importância de uma abordagem sistêmica e participativa na gestão das águas e na valorização das culturas tradicionais que dependem desse ecossistema. “O curso é importante por promover a proteção das águas do Rio Tapajós através de um processo formativo que cria um espaço educativo dedicado à defesa da bacia do rio. Os participantes aprendem sobre as dinâmicas do Teles Pires, Juruena e das regiões do Alto, Médio e Baixo Tapajós. Além disso, o curso aborda a diversidade cultural da bacia, fornecendo ferramentas e instrumentos para a defesa legal e prática do rio, capacitando os alunos a atuarem efetivamente na sua proteção”, destaca Johnson Portela, do Movimento Tapajós Vivo e diretor pedagógico do curso.

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