Depois de pouco mais de 40 minutos de prova, a atleta Neide Maria de Campos Gomes, de 60 anos, atravessou a linha de chegada do 3º Movimento pelo Clima, a corrida de rua organizada pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em comemoração aos 32 anos da instituição.
Neide foi a 3ª melhor colocada entre as mulheres de sua faixa etária que correram por 5 quilômetros. Ela começou no esporte há 5 anos para tentar melhorar da depressão e, desde lá, já subiu por diversas vezes no pódio.
“A corrida me ajudou por conta das amizades, do incentivo das pessoas. Às vezes você quer desistir, não tem vontade nem de levantar da cama pra sair. Então eu sempre vou porque eu preciso, eu dependo de mim para sobreviver, então isso me ajuda muito”, contou.
Assim como Neide, outras 407 pessoas participaram do evento, que aconteceu no dia 16 de abril, no bairro Chapéu do Sol, em Várzea Grande. Além de comemorar o aniversário do ICV, o objetivo da corrida foi alertar sobre as mudanças climáticas e incentivar o plantio de árvores e a prática de esportes ao ar livre.
Mudas de espécies e nativas do Cerrado foram doadas aos corredores em uma parceria com o projeto Verde Novo, do Ministério Público de Mato Grosso. Para a diretora executiva do ICV, Alice Thuault, a luta contra as mudanças climáticas não está perdida.
“É uma sensação de muita alegria associar pessoas novas à luta contra as mudanças climáticas. Dá até para fazer uma analogia com a corrida, de você olhar cada quilômetro, um por vez, da mesma forma que a gente tem que batalhar para cada miligrau a menos que a gente vai ter aquecido do planeta”, disse.
Nova geração
Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontou que as emissões dos gases de efeito estufa precisam cair imediatamente e ser cortadas quase pela metade até 2030. A medida atenuaria as consequências drásticas do aquecimento do planeta.
Esta é uma esperança para a geração de Romulo Alexandre Basso, de 15 anos. Ele foi o 1º colocado entre os homens que correram 5 quilômetros. Mesmo jovem, corre há 7 meses por influência do pai. Foi descoberto por um treinador durante uma prova e hoje se dedica ao esporte.
“É muita felicidade você ver seu esforço valendo a pena, dando frutos. Todo o esforço, toda a dedicação”, disse. Sobre a temática do Movimento pelo Clima, ele deixou claro que faz a sua parte para preservação dos recursos naturais. “É algo que me preocupa, porque está afetando muito o nosso ambiente”.
Futuro
A diretora adjunta do ICV, Camila Rodrigues, destacou que estamos na década das mudanças climáticas e, por isso, é preciso elaborar estratégias pessoais, institucionais e coletivas para assegurar a nossa sobrevivência no planeta.
“O ICV faz 32 anos e a gente tem olhado para o futuro com o foco em promover soluções e construir com a sociedade para garantir que quando a gente chegar em 2030 a gente não tenha mais do que um grau e meio de elevação da temperatura”.
“O mais esperançoso é que a gente tem muita chance de promover uma mudança drástica e de fato atingir a nossa missão de zerar emissões, porque a maior parte das emissões do nosso estado vêm do uso da terra, do desmatamento e principalmente de atividades agropecuárias. A gente já tem soluções e a gente precisa agora implementar”, complementou.
O Movimento
A corrida teve o apoio do Ministério Público de Mato Grosso, Poder Judiciário (Projeto Verde Novo), Shopping Pantanal, Morro-MT, Sucos Prats e Águas Brunado. A consultoria técnica e esportiva foi do professor Valdecarlos Santos.
A primeira edição do Movimento pelo Clima foi realizada em novembro de 2021 em Alta Floresta (800 km ao norte de Cuiabá), na forma de um passeio ciclístico. Na ocasião, os participantes foram informados sobre a produção e o consumo de alimentos saudáveis e produzidos localmente.
No ano passado, com o lema “Aqueça o corpo, não o planeta”, a segunda edição reuniu mais de 250 atletas em Várzea Grande.
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