13 dez 2022
REDES SOCIOPRODUTIVAS

Ao longo de cinco anos, projeto do ICV fortaleceu a agricultura familiar das regiões norte e noroeste de MT

Autor: Assessoria de Comunicação

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O gado criado pela agricultora familiar Vera Lucia da Conceição Rodrigues, de Alta Floresta (MT), estava acostumado a caminhar por quilômetros em busca de água. Na volta para casa, os animais já estavam com sede de novo.

Até que, com o auxílio do Instituto Centro de Vida (ICV), foi possível adquirir os materiais e o conhecimento técnico para criar um sistema de bombeamento de água até a sua propriedade.

“O importante mesmo foi a iniciativa que eles tiveram e eu não tive, porque eu achava que era impossível chegar água até aqui, achava que não tinha como. Eu não acreditava, porque além de longe, é subindo. Mas deu certo e ficou bom demais, eu sou feliz eternamente por isso.”

Histórias como essa foram concretizadas por meio do projeto Redes Socioprodutivas, iniciativa apoiada pelo Fundo Amazônia e que chega ao fim depois de cinco anos de execução.

Iniciado em janeiro de 2018, o projeto atuou com associações e cooperativas de agricultores e agricultoras familiares dos municípios de Alta Floresta, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Cotriguaçu e Colniza, nas regiões norte e noroeste de Mato Grosso.

O coordenador do Programa de Negócios Sociais do ICV, Eduardo Darvin, disse que o Redes Socioprodutivas permitiu estruturar uma base para pensar ações em médio e longo prazos, além de ter disponibilizado um grande aporte financeiro para auxiliar os agricultores familiares.

“Internamente, a instituição ficou preparada para dar sequência nas ações, que já culminaram em novos projetos, novas iniciativas, e mesmo com o Redes acabando, a gente continua a nossa atuação com esses agricultores por meio de outras iniciativas”, explicou.

Fortalecimento

As famílias auxiliadas pelo projeto já trabalhavam com as seis cadeias socioprodutivas pré-estabelecidas – Castanha, Babaçu, Hortifrutigranjeiros, Leite, Cacau e Café. O projeto teve o intuito de fortalecer a gestão das associações e contribuir para práticas de produção sustentáveis, pautadas pela melhoria na vida dos agricultores e manutenção das florestas.

A agricultora familiar Ana Aparecida Rossi, da Associação Comunitária Rural Sol Nascente, atribui ao projeto o impulso que faltava para as famílias da sua região voltarem a cultivar café. Isso, de acordo com ela, alavancou a produtividade na associação.

“Isso mexeu também na nossa própria gestão, porque movimentou as famílias e também movimentou o nosso grupo de mulheres. Então elas acabaram tendo empoderamento. A gente percebe que isso também potencializou a formação de outros grupos ali nas comunidades circunvizinhas.”

Recomeço

Além de oferecer recursos e assistência técnica, o agricultor familiar Elodir Meyer, de Nova Bandeirantes (MT), relata que o Redes favoreceu o crescimento da comercialização e do acesso a novos mercados da região para a Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Estrada Arapongas e Londrina (Apral).

“Isso por meio da Rota Local, e de vários outros comércios que a gente conseguiu atingir enquanto associação. A gente não tinha nem inscrição estadual, e agora a gente conseguiu fazer e pode comercializar os nossos produtos através disso.”

O gestor de projetos do Programa de Negócios Sociais, Eriberto Müller, afirmou que o Redes demonstrou aos grupos beneficiados a relevância do trabalho no campo e, por meio disso, deu autonomia a eles durante a construção desses processos.

“Eu gosto sempre de falar que ele trouxe essa valorização no sentido do reconhecimento dessa importância que essas pessoas têm na nossa vida, principalmente por conta da alimentação, mas também por esse cuidado com a parte ambiental do nosso território”, disse.

Ações

Entre as ações que se destacaram ao longo do período de execução do projeto, estão a Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (Repoama) e a Rota Local. Essas e outras ações estão descritas no Relatório de Sistematização e Avaliação do Projeto.

A Repoama é uma rede formada por agricultoras e agricultores familiares da região norte e noroeste de Mato Grosso, que produzem de modo harmônico com a natureza e que, a partir da organização participativa, sonham com a certificação por meio da implementação do Sistema Participativo de Garantia (SPG). Isso que deve ocorrer ainda em 2022.

Já a Rota Local é um arranjo comercial formado por diferentes organizações comunitárias que facilita e amplia o escoamento e a comercialização da produção das famílias agricultoras para os mercados locais, criando escala na comercialização dos produtos e gerando mais de R$ 1,5 milhão em receita para as organizações.

Investimento

Desde que o Redes Socioprodutivas foi implementado, foram realizadas capacitações, dias de campo e intercâmbios com o intuito de fortalecer a formação técnica, de liderança e o diálogo e governança das cadeias produtivas.

“Foram inúmeras ações que trouxeram apoio a diferentes desafios encontrados em todos os elos das cadeias de produção, passando pelo beneficiamento até a comercialização e a gestão comunitária dos empreendimentos atendidos”, disse Darvin.

O resultado foi a contribuição para que as regiões abrangidas pelas ações fossem reconhecidas como territórios de qualidade, com origem em organizações da agricultura familiar e livres de desmatamento.

O Redes Socioprodutivas foi executado pelo ICV com financiamento do Fundo Amazônia/BNDES no valor total de R$ 16 milhões. Durante este período, 600 núcleos familiares e 20 organizações comunitárias fizeram parte do projeto

“As principais mudanças percebidas foram a migração de cultivos convencionais, com uso de agrotóxicos e adubos químicos, para uma produção de base agroecológica, orgânica e agroflorestal”, finalizou.

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