23 ago 2022
“LEAKAGE”

Áreas protegidas na Amazônia não fazem com que o desmatamento se espalhe, diz estudo com colaboração de analista do ICV

Autor: Assessoria de Comunicação

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Estudo inédito publicado no jornal acadêmico Biological Conservation não encontrou evidências de que a estabelecer áreas protegidas na Amazônia e na Mata Atlântica faz com que o desmatamento se espalhe para fora de seus limites, o fenômeno conhecido por “leakage”. A pesquisa teve colaboração do analista do Instituto Centro de Vida (ICV) Marcondes Coelho.

A publicação destacou que as áreas protegidas podem provocar um efeito de conservação que ultrapassa seus limites, o chamado “blockage”. Foram utilizados diferentes modelos estatísticos e dados de cobertura florestal para avaliar o possível deslocamento do desmatamento, a partir dos limites de 425 áreas protegidas.

O estudo também incluiu Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O analista em gestão ambiental do ICV, Marcondes Coelho, explicou que o leakage pode ocorrer quando se tem a restrição de áreas ou adoção de medidas de conservação.

“Por exemplo, quando a Amazônia reduziu em cerca de 80% o desmatamento entre 2004 e 2012, devido aos diferentes esforços públicos e privados para conservação, nós tivemos um aumento da perda de vegetação natural no Cerrado. Esse seria um efeito leakage entre biomas”, disse.

O pesquisador que liderou o estudo, Luizmar Barros, pontuou que os resultados encontrados sugerem que os esforços de conservação reduziram efetivamente o desmatamento, ao invés de deslocar a perda de floresta para as áreas do entorno.

Essa conclusão tem implicações importantes para as políticas de conservação, uma vez que o leakage tem sido considerado até agora um risco significativo ou um inconveniente para o estabelecimento de novas áreas protegidas.

Os autores ressaltaram que embora ainda possam ocorrer deslocamento de desmatamento em escalas transnacionais, os esforços de conservação devem continuar a fortalecer as áreas protegidas atuais, apoiar as restrições das áreas do entorno e aumentar a conectividade.

“Esse foi um trabalho dedicado à conservação da biodiversidade, aos povos da floresta e futuro do clima global, sem dúvidas”, completou Marcondes.

Proteção das florestas

Apesar de mostrar o papel relevante das áreas protegidas no controle do desmatamento, a pesquisa demonstrou que 40% das áreas protegidas analisadas têm prioridade “alta” e “muito alta” para ações de fortalecimento da proteção das florestas.

Os Territórios Indígenas representam 72,5% das áreas protegidas com prioridade “alta” e 44,4% com prioridade “muito alta”, especialmente na região do Arco do Desmatamento.

Entre as Unidades de Conservação com prioridade “muito alta” para essas ações, destacam-se a Reserva Extrativista Arapixi, a Área de Proteção Ambiental do Tapajós, o Parque Nacional do Rio Novo, o Parque Nacional do Juruena e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos. Cada uma tem mais de 10 mil hectares a serem protegidos.

A prioridade para tais ações foi apresentada sob forma de um índice que pode orientar tomadores de decisão a partir de cinco classes de nível de prioridade, baseadas no efeito do estabelecimento das áreas protegidas sobre o desmatamento dentro e no entorno das áreas.

Foto: Parna Juruena – Adriano Gambarini

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